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sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Comemoração do Dia da Consciência Negra na Escola Estadual José Ângelo em Barra do Grarças MT.

O grupo PET Matemática Araguaia e estagiários do curso de Licenciatura em Matemática da UFMT Araguaia participaram ministrando oficinas de construção de jogos e máscaras, replicação de padronagens de tecidos e maquete de casas  na Comemoração do Dia da Consciência Negra na Escola Estadual José Ângelo em Barra do Garças-MT. 

As atividades dos bolsistas PET e estagiários aconteceram em três etapas: 
  • A primeira etapa foi do dia 11 ao dia 18 de novembro, na qual  os acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática apresentaram a contextualização dos trabalhos e a  introdução da cultura afra-brasileira de origem de cada atividade, destacando os conceitos matemáticos. Em seguida os acadêmicos fizeram a formalização matemática destes conceitos e deram inicio à construção dos objetos.
  •  A segunda etapa aconteceu no dia 20 de novembro, quando foram finalizadas as construções dos objetos.
  • A terceira etapa se deu no dia 22 de novembro na exposição dos objetos construídos, junto com os estudantes da escola, no dia da Comemoração do Dia da Consciência Negra e com a participação nas outras várias atividades desenvolvidas na escola. 
As atividades:

  • OFICINA 1: Jogo Borboleta de Moçambique

Turma: 9º ANO 
Dia: 13/11 quarta-feira  
Professores-estagiários:Fabiano e Gecilene

Objetivos:
* Informar sobre a presença de escravizados moçambicanos no Brasil colônia;
* Abordar alguns dos conteúdos de Geometria, tais como:
   - Paralelismo e perpendicularismo entre retas;
   - Ângulos complementares, suplementares e reto;
   - Ângulos alternos internos e colaterais externos;
   - Teorema de Tales;
   - Teorema de Pitágoras;
   - Teorema da Base Média.

Delineamento: 
falar sobre Moçambique e sobre os escravizados moçambicanos no Brasil. Construir o tabuleiro do jogo Borboleta destacando os conceitos matemáticos acima listados (ou alguns deles), aprender a jogar.

Material: 
papelão, papel sulfite, cola, régua, lápis de cor, guache, pinceis.

Texto de apoio:
Moçambique, oficialmente designado como República de Moçambique, é um país localizado no sudeste do Continente Africano. A capital e a maior cidade do país é Maputo (chamada de Lourenço Marques durante o domínio português). A economia do país é baseada principalmente na agricultura, mas o setor industrial, principalmente na fabricação de alimentos, bebidas, produtos químicos, alumínio e petróleo. O sector de turismo do país também está em crescimento. A única língua oficial de Moçambique é o português, que é falado principalmente como segunda língua por cerca de metade da população. Entre as línguas nativas mais comuns estão o macua, o tsonga e o sena. A população de cerca de 29 milhões de pessoas é composta predominantemente por povos bantos.

Tráfico de moçambicanos para o Brasil: o último suspiro do comércio negreiro.
O grande tráfico de moçambicanos para o Brasil só ocorreu quando o movimento abolicionista começou a se delinear. Registros históricos indicam a existência, no Rio de Janeiro, de um comércio de escravos vindos da costa oriental da África, desde 1645, mas ele não era contínuo e representava uma parcela pequena dos cerca de 2,5 milhões de outros escravos bantos e nagôs, que chegaram ao país até o início dos anos 1800. Essa realidade começou a mudar depois que a Inglaterra passou a exercer forte pressão internacional para extinguir o comércio negreiro no Atlântico, impondo tratados e leis que coibiam essa prática. Para fugir da vigilância britânica e das consequentes sanções legais, os comerciantes de escravos passaram a buscar novas rotas e portos mais remotos. Foi nesse contexto que o tráfico de negros oriundos da costa índica africana atingiu grandes proporções em nosso país, na primeira metade do século XIX. Isso significa que a maioria dos negros oriundos de Moçambique foi mantida ilegalmente em cativeiro, perante as leis nacionais e internacionais. Aliás, não apenas eles, mas todos os escravos desembarcados depois de 1831, pois, apesar da vigilância inglesa na costa atlântica, as estratégias utilizadas para driblá-la conseguiram estender, por pelo menos mais duas décadas, o tráfico negreiro entre Brasil e Angola. “Quanto ao comércio negreiro moçambicano, ele só se tornou efetivamente importante para os portugueses a partir de 1750, quando o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal, decidiu se aproveitar da expansão do tráfico para a França, que precisava de mão de obra escrava para expandir a produção açucareira em suas ilhas do Índico. Alguns brasileiros se estabeleceram em Moçambique, nessa época, explorando o comércio de cativos no Oriente. Até então, o tráfico para cá não era rendoso pelo fato de a viagem ser muito mais longa e demorada que a da costa atlântica. Essa situação mudou, no entanto, com as medidas antiescravagistas promovidas pelos britânicos. Na primeira metade do século XIX, um africano oriental passou a custar um décimo de um ocidental, de forma que, em 1830, 60% dos navios negreiros que partiam dos portos de Moçambique tinham o Rio de Janeiro como destino. Com a independência do Brasil, os ideais de liberdade começaram a chegar ao território moçambicano, via navios negreiros. Tanto na Ilha de Moçambique como na capitania de Rios de Sena, surgiram grupos de influência que passaram a defender a secessão da colônia africana em favor dos brasileiros. Tais projetos desapareceram com a ordem do primeiro-ministro português para o governador-geral: “Previna-se de qualquer conspiração que trate de unir a província ao governo do Rio de Janeiro”. Pouco depois, em 1829, periódicos daqui também foram impedidos de circular e, em 1836, quando Portugal proibiu a exportação de escravos em suas colônias, novos movimentos passaram a defender a subordinação de Moçambique ao governo brasileiro. Segundo José Luis de Oliveira Cabaço, sociólogo e antropólogo moçambicano, a mensagem libertária que o Brasil projetava de si, desde a Independência, não se desvaneceu na imaginação dos setores urbanos da colônia portuguesa e voltou a ganhar ímpeto a partir dos anos 1930, com o surgimento da literatura regionalista brasileira, rica em narrativas sobre a marginalização racial. “Nesses livros, os negros eram personagens e não meros adereços de cena”, diz ele, que ainda afirma que tais personagens e histórias foram fundamentais para a solidificação da utopia de libertação de Moçambique do jugo colonial.

Heranças culturais:
É possível reconhecer traços das etnias da África Oriental em nosso país, como o uso de miçangas em roupas e adereços. OS brasileiros também exerceram influência na cultura de lá, a exemplo do carnaval, que é comemorado nas regiões que mais exportaram escravos para o Rio de Janeiro e outras cidades do Brasil.

O jogo é chamado Borboleta em Moçambique, provavelmente por causa da forma do tabuleiro é conhecido também como Gulugufe, que significa borboleta em Tsonga, língua local. Quando o jogo é levado para a escola, os estudantes usam papel cartão para montar os tabuleiros de “Borboleta” e botões de camisa ou tampinhas como peças do jogo. Durante a brincadeira, eles aprenderam vários conceitos voltados à geometria.

O TABULEIRO
O tabuleiro é composto por dois triângulos maiores semelhantes, unidos por um vértice em comum, o que se assemelha as asas de uma borboleta, e, no interior de cada um deles, existem dois triângulos proporcionais ao primeiro. No total, existem seis triângulos isósceles, divididos ao meio pela altura, mediana e mediatriz, formando, portanto doze triângulos retângulos. Em cada vértice desses triângulos, correspondem a uma casa. Além dos triângulos é possível observar outros polígonos presentes no tabuleiro como o trapézio. No total, são formadas 19 casas.

REGRAS DO JOGO BORBOLETA DE MOÇAMBIQUE

NÚMEROS DE PARTICIPANTES: 2 jogadores
OBJETIVO DO JOGO: Capturar (comer) todas as peças do adversário.
PREPARAÇÃO DO JOGO: O tabuleiro, 18 peças distintas por duas cores, 9 peças para cada jogador, deixando vazio somente o ponto central.
COMO JOGAR: Um jogador de cada vez movimenta uma de suas peças em linha reta até o ponto vazio adjacente. Pode saltar por cima e capturar uma peça do adversário se o espaço seguinte, em linha reta, estiver livre, podendo saltar com a mesma peça capturando outras enquanto for possível. O jogador que deixa de saltar perde a peça para o adversário. Se um jogador tiver a opção de mais de um salto, poderá escolher o salto a fazer. O jogador que capturar todas as peças do adversário é o vencedor.


  • OFICINA 2: Máscaras africanas

Turma: 7º ano
Dia: 14/11 - quinta-feira
Professores/estagiários: Fabiana, Rita e Milena 

Objetivos:
*Identificar a presença de conceitos matemáticos nas máscaras presentes na cultura africana;
*Confeccionar máscaras africanas, destacando conceitos tais como o número de ouro e a sequência de Fibonacci.

Delineamento da ação:
1º Contextualizar o uso das máscaras, citando suas funções.
2º Discutir os conceitos de proporção áurea (pode-se problematizar esse número, relacionado à adequação para a Arquitetura, mas não para decidir sobre a beleza humana) e a sequência de Fibonacci
3º Realizar atividades que levem a utilizar esses conceitos. (medições do rosto e confecção das máscaras)

Texto de apoio
Durante muito tempo, as máscaras africanas foram vistas pelos colonizadores europeus como peças exóticas, exibidas como curiosidades nos museus ou nas residências de viajantes ricos. Para os povos africanos, contudo elas têm um significado espiritual e religioso e, desde tempos remotos, são usadas em celebrações, nascimentos, rituais de iniciação, colheita, funerais, casamentos, preparação da guerra, para curar doentes e outras situações. O uso de máscaras é uma característica dos povos da África Subsaariana (ao sul do deserto do Saara). Um povo pode ter dezenas de máscaras diferentes e, entre os numerosos povos do continente, elas variam em estilo, tamanho, material utilizado, usos e significados. A máscara africana é, dessa forma, importante elemento de identidade cultural de cada etnia atestando a riqueza e a complexidade do patrimônio cultural africano.  Quando uma pessoa usa a máscara africana ela assume a entidade que a máscara representa, transformando-se no espírito evocado pela própria máscara que passa a residir dentro do corpo da pessoa. A máscara africana procura captar a essência do espírito, e não os seus traços físicos reais; por isso, ela faz uso de distorções e abstrações. As máscaras africanas do povo Bwa, de Burkina Faso, por exemplo, representam espíritos invisíveis da floresta e por isso, têm formas abstratas, puramente geométricas. Já as máscaras africanas do povo Fang, do Gabão, Guiné e República dos Camarões, tem a forma do rosto bastante afunilada e reduzida a poucos elementos: os olhos são pontos, a boca é pequeno círculo, sobrancelhas e nariz unidos. Muitas culturas africanas imprimem em suas máscaras elementos morais. As máscaras africanas dos Senefu, povo da Costa do Marfim, por exemplo, têm os olhos meio fechados, simbolizando uma atitude pacífica, autocontrole e paciência. Já as máscaras africanas dos Grebo, também da Costa do Marfim, têm olhos redondos representando estado de alerta e raiva, e o nariz reto que significa determinação e decisão. Em Serra Leoa, boca e olhos pequenos representam humildade, e uma testa grande e saliente representa sabedoria. No Gabão, queixo e boca grandes representam autoridade e força. Os animais são comumente representados nas máscaras africanas. Uma máscara africana de animal pode representar, de fato, o espírito de um determinado animal e servir de meio para transmitir-lhe uma mensagem ou um pedido (por exemplo, para que fique longe da aldeia ou não devore a plantação). Em outros casos, um animal pode servir de símbolo de virtudes específicas. Assim, por exemplo, o búfalo representa força física para a cultura Baoulé, da Costa do Marfim. Antílopes são associados a colheitas abundantes de milho para os Dogon e os Bambara, do Mali. Há, ainda, as máscaras africanas que misturam traços de animais distintos, às vezes junto com traços humanos. Neste caso, elas representam virtudes excepcionais que distinguem um espírito, um grupo ou um indivíduo de status elevado. As máscaras africanas kifwebe dos Songye, da República Popular do Congo, misturam listras de zebra, dentes de crocodilo, olhos de camaleão, boca de porco selvagem, crista de galo, penas de coruja e muito mais. Outro tema comum das máscaras africanas é o rosto feminino. As máscaras africanas femininas dos Punu, do Gabão, por exemplo, têm olhos amendoados, sobrancelhas finas e arqueadas, nariz e queixo finos, maçãs do rosto salientes e trazem a pele embranquecida com caolin. Já as máscaras africanas femininas do povo Baga, de Guiné-Bissau, tem escoriações no rosto, nariz grande e seios caídos. Uma das representações mais conhecidas da beleza feminina é a Idia, máscara africana de Benin, feita de latão. Acredita-se ter sido encomendada pelo obá Esigie (c.1516-c.1550) em memória de sua mãe. Para honrar sua mãe, uma rainhaguerreira grande estrategista militar e conselheira política, o rei usava a máscara em seu quadril durante cerimônias especiais. A veneração dos antepassados é um elemento fundamental da maioria das culturas africanas tradicionais e, por isso, também eles são temas para máscaras. Um exemplo bem conhecido é a máscara africana Pwo Mwana (literalmente “mulher jovem”) do povo Chokwe, de Angola e República Democrática do Congo, que mistura elementos referentes à beleza feminina (face oval bem proporcionada, nariz e queixo pequeno) e outros referentes à morte (olhos afundados e fechados, pele rachada e lágrimas simbolizando a dor da morte). Representam um ancestral feminino que morreu jovem e é venerada em rituais associados à fertilidade. Há também máscaras ancestrais relacionadas a pessoas notáveis, históricas ou míticas. O povo Kuba, da República Democrática do Congo, reverencia seu lendário fundador Woot com a
máscara africana mwaash ambooy, e a sua linda esposa Mweel com a máscara africana ngady anwaash. Essas máscaras africanas trazem um padrão de triângulos brancos e pretos pintados no rosto e são ricamente decoradas com búzios e miçangas coloridas. A feminina tem linhas diagonais nas bochechas representando lágrimas. O artesão que cria a máscara africana tem um estatuto especial na sua comunidade. Em geral, essa arte é passada de pai para filho, juntamente com o conhecimento dos significados simbólicos transmitidos por essas máscaras. Antes de começar a entalhar, o artesão realiza uma série de rituais na floresta, onde normalmente desenvolve o trabalho, longe da aldeia e usando ele próprio uma máscara africana no rosto. A máscara era criada com total liberdade, de forma intuitiva, dispensando rascunho. A madeira era modelada usando uma faca afiada. Em geral, o material mais utilizado é a madeira e o couro, mas existem também máscaras africanas de tecido, marfim, cerâmica, cobre e bronze. Algumas têm cabelos de fibras naturais outras têm chifres ou cristas. Há máscaras africanas pintadas, outras são decoradas com miçangas, penas, dentes, sementes ou búzios. As máscaras africanas podem ser usadas de quatro maneiras diferentes: cobrindo verticalmente o rosto, como capacetes envolvendo toda a cabeça, como crista ou chapéu no alto da cabeça (que era comumente coberta por material como parte do disfarce) ou penduradas no peito ou quadril. 

ABAIXO, MÁSCARAS QUE OS PROFESSORES DEVERÃO LEVAR PRONTAS (feitas em papelão) PARA ILUSTRAR A DISCUSSÃO SOBRE AS FIGURAS GEOMÉTRICAS. 

Atividades matemáticas
1. Os professores devem destacar, nas máscaras, as figuras geométricas e a simetria.
2. Falem que O Homem Vitruviano e a descrição das proporções do corpo humano. A partir dessas medidas, discutir a proporção áurea/número de ouro (por exemplo, através de medidas do rosto: peça que os estudantes, usando barbante, meçam da linha do cabelo até a ponta do queixo e depois de onde o lóbulo da orelha se une à face do segundo lóbulo da orelha. Dobrando a corda, peça que verifiquem se há uma relação entre essas duas medidas).

(é provável que grande parte das medidas não sejam equivalentes à descrição. É importante ressaltar que Vitrúvio tentou descrever um homem “perfeito”, ou seja, onde cada parte de seu corpo estivesse em harmonia com as demais, o que não retrata a realidade.)

3. A partir das observações dos estudantes, define-se o que é razão, razão auréa e sequência de Fibonacci.
4. Peça aos estudantes que usem as medidas do rosto para desenhar e cortar o formato do rosto em um cartão fino. Devem medir cuidadosamente onde os olhos, nariz e boca devem fazer os furos apropriados na máscara africana que farão. Devem escolher um modelo de máscara. Em seguida, cada estudante deverá reproduzir a máscara escolhida. Finalmente, deve colorir ou pintar sua máscara.
5. A professora de Artes poderá auxiliar na decoração e acabamento das máscaras, assim como decidir sobre a instalação artística para exposição dos trabalhos.




  • OFICINA 3: Tecidos africanos Adinkra, de Gana e Costa do Marfim

Turma: 6º ano
Dia: 12/11 - terça-feira
Professores-estagiários: Daniel e Lorraine

Objetivos:
* Identificar a presença de conceitos matemáticos nos tecidos africanos;
* Abordar as isometrias.

Delineamento da ação:
1º Analisar amostras de “tecidos” africanos, de forma a destacar suas principais características (uso
de padrões matemáticos).
2º Discutir as isometrias.
3º Produzir novas “amostras de tecidos” e roupas em papel craft e/ou cartolina.
4º (verificar com a prof. de artes – produzir um “varal” no qual estarão penduradas “roupas” cortadas
a partir das “amostras de tecidos” produzidas na oficina)

Material:
lápis de cor, guache, pinceis, papel craft, régua, borracha, barbante.

Texto de apoio:
A necessidade de cobrir-se acompanha a humanidade, sendo que o surgimento da vestimenta remonta à Pré-história e que além de constituir-se numa necessidade humana de sobrevivência, certamente procurava também satisfazer um desejo estético. É natural, principalmente a partir de filmes, pensarmos que nossos antepassados fabricavam suas roupas apenas a partir de peles de animais, entretanto, há pelo menos 12.000 anos, portanto, na Era Neolítica, os seres humanos já usavam o princípio da tecelagem entrelaçando pequenos galhos e ramos para construir barreiras, escudos ou cestos. A teia de aranha ou o ninho dos pássaros podem ter sido as fontes de inspiração de tal trabalho.
O fato que o fiar e o tecer constituem uma das formas mais antigas de trabalho humano, e que o aprimoramento da técnica de produção de tecidos vinculou-se essencialmente ao progresso das sociedades. Os homens e mulheres primitivos já conheciam alguma técnica de tecelagem pela arte de tecer cestas, esteiras, cercas, entrelaçando hastes, galhos, palhas e outros tipos de vegetais.
Com o passar do tempo, o volume dos tecidos, seu luxo e a procedência das fibras, passou a ser sinônimo de status e poder. Os chefes de estado usavam os tecidos mais preciosos para representar seu poder. Quanto aos reis e chefes africanos, o tecido que vestia faraós e rainhas egípcias e, quando plissado, ficava ainda mais gracioso e belo devido à transparência de sua textura fina. Faziam-se panos de entrecasca das árvores. Teciam-se a ráfia, a lã e o algodão. Em alguns poucos lugares, conhecia-se a seda. Onde se implantou a prática da tecelagem, a tendência era para que houvesse teares em quase todas as casas. Teares em geral estreitos, dos quais saía uma tira de fazenda, que se ia juntar a outras tiras semelhantes, para formar o pano. Na África Ocidental, um pano forte, grosso, durável, bonito foi criado e passou a ser objeto de comércio interafricano, além de ser exportado para fora do continente. Mas que os africanos escravizados no Brasil são pensados como originários da tribo dos homens nus.
Na África Ocidental, destacando principalmente Mali e Gana, falar de tecidos é um caminho para decifrar costumes locais e compreender um pouco mais da intrincada história de cada lugar. Os tecidos carregam uma rica simbologia, capaz de decifrar a alma de povos ancestrais. A cultura destes tecidos para os africanos é tamanha que para cada evento realizado há uma estampa referente ao acontecimento, além das cores que fazem parte dessa distinção. Segundo maior produtor de algodão da África (atrás do Egito), o Mali tem uma tradição têxtil que remonta há mais de mil anos, quando quase todas as mulheres sabiam fiá-lo e a maioria dos agricultores tecia nas horas vagas. Tecer tem significados rituais e mitológicos.
No Mali há uma tradição têxtil chamada bogolan. É uma técnica têxtil, feita em tecidos de algodão sem costura e feito a mão, com aplicação de lama para a secagem e durabilidade das cores. A lama usada para estampar é retirada de um lodo que se forma no fundo de poças, no fim da estação seca. Ela é fermentada em jarros e conservada durante todo o ano para esse uso especifico. O processo tem início com um banho de mordente à base de folhas e cascas de arvores no tecido.
Depois de seco, desenham-se motivos geométricos com a lama, utilizando bambu. Quando a lama seca totalmente sobre o tecido, ele é lavado e estendido ao sol, os motivos geométricos reaparecem em tom de marrom-escuro. Atualmente, são produzidos por meio de processos menos elaborados, que incluem a utilização de carimbos para a repetição dos desenhos.
Em Gana e na Costa do Marfim é produzido um tecido rico em sua simbologia chamado Adinkra, que tem símbolos Akan gravado nele. Os símbolos representam provérbios populares, registros de eventos históricos, manifestam determinadas atitudes ou comportamentos relacionados com figuras retratadas ou conceitos exclusivamente relacionados às formas abstratas. É um dos vários panos tradicionais produzidos na região. Adinkra significa “adeus” porque originalmente eram utilizados para adornar os vestuários usados nas cerimônias fúnebres. Os símbolos usados na roupa dos participantes na cerimônia expressavam as qualidades atribuídas ao defunto. Todos os símbolos têm um nome e transmitem uma mensagem. Em Gana o Adinkra é usado para ocasiões especiais como casamentos e ritos de iniciação. Para compor seus tecidos, os tecelões de Gana aplicam aos seus padrões algumas operações matemáticas que chamamos de isometrias.

Atividades:
1. Analisar, nas amostras abaixo, quais são os padrões.
 

2. Abordar a noção de isometria e as propriedades da reflexão, da rotação e da translação.
3. Os estudantes devem escolher no mínimo 3 e no máximo 6 padrões para aplicar as simetrias de reflexão, da rotação e da translação para compor seu próprio tecido. Os desenhos serão feitos em papel craft, pintados com lápis de cor e/ou guache e depois os estudantes deverão montar roupas que serão expostas na festa da escola (ou outra atividade proposta pela profa. de Artes, ).

(veja em seguida os padrões Adinkra).



  • OFICINA 4: As casas dos Ndebele

Turma: 8º A
Dia: 11/11 - segunda-feira
Professores-estagiários: Fabiano, Mariana e Greyci

Turma: 8º B
Dia: 18/11- segunda-feira
Professores-estagiários: Daniela e Joyce

O povo Ndebele habitam na Província do Norte e Mpumalanga, entre o Zimbábue e a província de
Transvaal, que fica a nordeste de Pretória, na África do Sul.

Suas casas:

Objetivos:
* Levar os estudantes a perceberem o uso de conceitos geométricos na arquitetura africana
* Introdução ao estudo do cilindro e do cone como sólidos de revolução.

Delineamento:
1) informar sobre esse povo e sobre sua arquitetura.
2) Construir cilindro (no qual deve estar desenhado várias figuras geométricas) e cone.
3) Montar a casa.
4) Juntar as casas de todos os estudantes para montar uma aldeia (se possível, com a contribuição da professora de Geografia, abordando relevo, vegetação,....

Material
Cola, tesoura, papelão, cartolina ou papel cartão, guache, pinceis, lápis de cor, capim, pedriscos, etc.

Texto de apoio
Os Ndebele são um grupo étnico disperso entre o Zimbábue e a província de Transvaal, que fica a nordeste de Pretória, na África do Sul. Eles são conhecidos pela beleza e colorido das suas criações artísticas e, em especial, pela técnica ancestral de pintar os muros das residências com figuras geométricas. O Ndebele é um povo que ainda preserva sua língua e cultura, e são chamados de “povo artista” por fazerem colares e ornamentos coloridíssimos de miçangas. As mulheres usam argolas pesadas no pescoço, pernas e braços (depois que casam) para não fugirem de seus maridos e não olharem para os lados. As mulheres lembram as "mulheres girafa" da Tailândia, pois usam colares em forma de aro no pescoço, bem como nas pernas e braços, e andam com cobertores coloridíssimos amarrados nas costas. Estão sempre com um cobertor amarrado nas costas.
As pinturas das casas deste povo guerreiro, os utensílios e adornos que as mulheres usam, com o seu significado religioso, místico, talvez até mágico, foram os elementos formais e práticos usado para criação de uma expressão artística. Expressam a si mesmos através das cores gráficas e dos desenhos geométricos. A pintura das fachadas e muros das casas é um privilégio exclusivo das mulheres Ndebeles. É a forte expressão individual da identidade das mulheres e o que diferencia uma mulher das outras é o estilo da pintura, o motivo, a composição e a escolha das cores.
As habitações são construídas em forma de cilindro, geralmente de madeira e barro, com uma cobertura cônica de palha. Esse estilo de casa é chamado de “cônico-cilíndrico”. São muitos os povos que constroem suas casas no estilo cônico-cilíndrico, usando os mais diversos materiais, diversificando também a altura e largura. O estilo depende dos materiais encontrados na região, do clima e do relevo (terrenos montanhosos ou planos) e, também, das tradições culturais e históricas dos povos.

Construção e decoração das paredes – um cilindro circular reto.
Explicar sobre sólidos de revolução usando montagem da bandeira e sólidos em acrílico. Recortado o cilindro, antes de colar, os estudantes, deverão se dedicar à decoração, que será inspirada nos padrões gráficos utilizados nas casas desse povo africano. Observe as figuras abaixo para lhes sugerir alguns padrões. Outros podem ser encontrados no Pinterest.
Explique que a simetria é importante para a beleza dos desenhos. Ela é uma característica que pode ser observada em algumas formas geométricas, equações matemáticas ou outros objetos. A simetria plana (ou bidimensional) consiste em mover todos os pontos sobre o plano de modo que suas posições relativas permaneçam as mesmas, embora suas posições absolutas possam mudar.
Distâncias, ângulos, tamanhos, e forma são preservadas por simetrias.
Cada estudante deverá decorar a “parede” de sua casa ndebele, respeitando-se as simetrias. (estudantes poderão decorar e colar a parede depois – em casa ou com a ajuda da professora de artes).

O teto – o Cone. Fazer o cone, colar capim verdadeiro ou recortar no papel craft e colar no cilindro.
Ao final dos trabalhos, usando cada uma das casas feitas pelos estudantes, com o auxílio das professoras de Geografia e de Artes, é possível montar a maquete de uma aldeia.


  • Fotos
Primeira Semana





















Segunda Semana






















Dia da comemoração


























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